A segunda reportagem do UFPA em Série-Intercâmbio fala sobre o Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), que é uma ação educacional de cooperação com os países com os quais o Brasil mantém relação diplomática e acordos educacionais e culturais. O programa oferece oportunidades de formação superior nas Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras para estudantes de países em desenvolvimento. Coordenado pelos Ministérios das Relações Exteriores e da Educação, o programa conta com a parceria das universidades públicas – federais e estaduais – e particulares do País.
O aluno estrangeiro selecionado pelo Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) cursa gratuitamente a graduação em uma universidade brasileira. No entanto deve atender a alguns critérios, como provar que é capaz de custear suas despesas no Brasil, ter certificado de conclusão do ensino médio ou curso equivalente e proficiência em língua portuguesa, entre outros.
De acordo com a coordenadora do PEC-G na UFPA, Julieta Jatahy, o objetivo do programa é incentivar a formação acadêmica de cidadãos estrangeiros, para que eles retornem ao país e contribuam com o desenvolvimento da área na qual se graduou. Além disso, uma das principais importâncias do PEC-G é a sua participação na formação de novos líderes em vários países.
Oferta - Todo ano, a Universidade Federal do Pará oferta duas vagas para cada curso da área de saúde e uma vaga para os demais cursos, com exceção de Direito, Artes Visuais, Dança e Teatro, que não recebem ofertas de vaga. A UFPA, que é signatária do Programa desde a década de 1970, já foi responsável pela formação acadêmica de centenas de estrangeiros participantes do programa. Este ano, 13 estudantes estrangeiros foram selecionados para a UFPA, tendo,atualmente, 63 estudantes vinculados ao PEC-G.
O Decreto 7.948, de 12 de março de 2013, determina que, para participar do programa, é obrigatória a apresentação do Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros. No entanto, para os estudantes não falantes da língua portuguesa, algumas instituições ofertam vagas aos ingressantes do PEC-G em cursos de Português para Estrangeiros.
Adaptação - Nathan Nguangu Kabuenge é congolês (cidadão da República do Congo) e estuda na UFPA há cinco anos. Primeiro, ele estudou durante oito meses a língua portuguesa e a cultura brasileira como uma das condições necessárias para ingressar na Universidade. “A minha adaptação não foi difícil, apesar de haver alguns problemas relacionados à discriminação passiva de alguns cidadãos paraenses. Mas o povo do Pará sabe conviver com todo mundo e estou me sentido em casa”, afirmou.
O estudante congolês escolheu Belém, principalmente, por conta da aproximação climática com o seu país, apesar de achar que a cidade tem uma temperatura mais elevada e as estações menos definidas. “Escolhi a UFPA por se localizar em uma cidade com as mesmas condições climáticas do meu país”, disse.
Casa Brasil-África - Uma das mais importantes iniciativas para a recepção e permanência de estudantes negros e africanos na UFPA é a Casa Brasil-África, que é vinculada à Pró-Reitoria de Relações Internacionais (Prointer). A CBA possibilita o acesso e a produção de novos conhecimentos em substituição às visões estereotipadas e preconceituosas sobre os negros e suas origens, além de ser um espaço que permite à população negra e à comunidade estudantil interagir e abordar assuntos no âmbito das relações étnico-raciais e das relações transatlânticas, contribuindo para a eliminação de preconceitos e discriminações de todas as ordens.
Entre as finalidades da Casa Brasil África, estão: promover o intercâmbio científico, técnico e cultural entre a UFPA e instituições dos países do continente africano e da sociedade civil; estimular, divulgar e cooperar no concernente ao intercâmbio entre professores, técnicos e estudantes da UFPA e de países africanos; difundir a língua portuguesa e a cultura brasileira nos países africanos e as culturas africanas no Brasil; e apoiar os estudantes africanos e afrodescendentes em suas atividades acadêmicas e culturais na UFPA e fomentar sua participação em todos os espaços institucionais.
“A CBA vem trabalhando, há três anos, para institucionalizar a recepção, o acolhimento e o acompanhamento dos estrangeiros que chegam à UFPA. Especialmente no caso de estudantes, em especial os do PEC-G, entendemos que é necessário recepcioná-los ao chegar ao aeroporto ou à Universidade, com apoio de estudantes que falem a mesma língua do ingressante, mostrar-lhes o funcionamento da Instituição, ajudá-los na obtenção dos documentos de permanência, apoiá-los em relação à moradia e acompanhá-los durante seu percurso acadêmico”, afirmou o coordenador da Casa Brasil África, professor Hilton Pereira da Silva, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH).
Contribuição - Segundo o professor, por meio de suas atividades, a CBA tem contribuído para promover a divulgação da realidade contemporânea da África; para a formação de professores voltados à inclusão da questão racial no ensino básico, fundamental e médio; para dar visibilidade à diversidade étnico-cultural internacional presente na Universidade e para melhorar a qualidade de vida e fazer a experiência dos alunos estrangeiros na UFPA a mais proveitosa possível.
“Todos os anos, a UFPA recebe alunos pelo PEC-G de vários países africanos, e a política de internacionalização da Instituição tende a ampliar a participação estrangeira na Universidade. Atualmente, a UFPA tem quase 70 alunos do PEC-G, sendo a maioria de origem africana, provenientes de 11 países, frequentando todos os institutos da Universidade”, destacou o professor Hilton.
A inscrição para o programa deve ser feita nas Missões Diplomáticas Brasileiras ou repartições consulares, que encaminham a relação dos candidatos ao Ministério das Relações Exteriores. Nesta etapa, é necessária a apresentação dos seguintes documentos: declaração de compromisso, histórico escolar e declaração de conclusão do nível de ensino correspondente ao ensino médio e comprovante de capacidade econômica dos pais ou responsáveis.
Após todas as etapas, os selecionados são submetidos ao curso de Português para Estrangeiros e ao Exame de Proficiência em Língua Portuguesa, que é uma condição fundamental para o ingresso na Instituição de Ensino Superior e no Programa de Estudantes-Convênio de Graduação. Ao final, é realizada uma seleção final em Brasília, e os resultados são divulgados pelas missões ou representações diplomáticas.
Fonte:https://www.portal.ufpa.br/imprensa/noticia.php?cod=11802
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