A relação entre os países africanos com o Brasil sempre foi estreita, não só pelas origens e proximidades culturais mas também pelas características sociais de cada país. “Quando se fala em África, pensam logo em guerra, doenças, pobreza, Mas isso não está longe da realidade de outros países, inclusive o nosso”, afirma o coordenador da Casa Brasil-África da Universidade Federal do Pará (UFPA), Hilton Silva. Desde o dia 24 até o dia 28, o Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia realiza atividades de cooperação técnica e acadêmica com movimentos sociais do Quênia e pesquisadores vinculados à Universidade de Nairobi. Nesta terça-feira, 27, houve um encontro entre representantes das instituições africanas, representantes da comunidade quilombola, pesquisadores e estudantes da temática.
A reunião ocorreu no auditório do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (Naea) da UFPA e teve a participação da professora Rosa Elizabeth Acevedo Marin, do Naea e do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia, quem recebeu os visitantes aqui na UFPA; do coordenador da Casa Brasil-África da UFPA, professor Hilton Silva; e de quatro representantes das instituições africanas: Paul Chepsoi, vice-presidente e gerente de projetos do Conselho Endorois intitulado EWC (Endorois Welfare Council) e representante do povo Endorois da região do Lago Bogoria, em Baringo; Desmond Tutu, egresso da Faculdade de Direito da Universidade de Nairobi, orientado pela professora doutora Patricia Mbote; Hillary Ogina, comunicador, agente de projetos da ONG Kenya Land Alliance, sediada em Nakuru; e Oliver Ogembo, geógrafo, professor, representante do Departamento de Geografia e Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Nairobi.
Durante a reunião, os participantes conversaram sobre a importância da aproximação acadêmica com as universidades africanas e a participação da Casa Brasil-África nesta relação. “Atualmente, a casa Brasil-África atende 16 países. Os estudantes passam seis meses estudando português aqui, antes de iniciar seus estudos. Além disso, a Casa ajuda em viagens, hospedagem ou, pelo menos, buscando recursos para os estudantes conseguirem fazer sua graduação”, explicou Hiton Silva.
Mestrado - Outro ponto citado na conversa é a proposta de criação de um mestrado com a cooperação das universidades africanas. “Já temos a contribuição das universidades de Cabo-Verde e Angola, mas ainda estamos estudando como será a participação de cada um, a grade curricular. Mas será o Mestrado em Estudos Africanos e Afro-Diaspóricos”, explica Hilton. Segundo Oliver Ogembo, este tipo de curso é importante, pois há uma grande falha na educação e no conhecimento da nossa própria história. “Conhecemos pouco da nossa região, tanto da geografia dela quanto de sua história. Com este conhecimento, é mais fácil se trabalhar e mais difícil que alguém venha de fora e domine ou explore a região, pois temos o conhecimento e sabemos como funciona”, afirma.
Para Paul Chepsoi, as semelhanças entre os dois países são muito grandes, até mesmo na paisagem. “O clima é bem parecido com o do nosso país. Até os locais, mandei fotos para o Quênia e acharam muito parecido com o que temos aqui. Isso mostra a importância dessa proximidade e, apesar de um oceano separando, temos muitas semelhanças”, conclui Paul Chepsoi.
Texto: Carlos Fernando Pinheiro - Assessoria de Comunicação do Naea
Fotos: Adolfo Lemos
Fotos: Adolfo Lemos
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