Uma
das reuniões abertas para a construção do Plano Setorial para a
Cultura Afro-Brasileira em todos os municípios brasileiros aconteceu
nesta quinta-feira, 31, no auditório da Secretaria Geral dos
Conselhos Superiores Deliberativos (Sege) da Universidade Federal do
Pará (UFPA). A reunião faz parte do plano de encontros agendados
para o ano de 2014. O plano está sendo elaborado desde 2013 e
construído para ser incluído no Plano Nacional de Cultura,
instituído pela Lei Federal nº 12.343, de 2 de dezembro de 2010.
Participaram
da mesa de apresentação do Plano Lindivaldo Leite Junior, da
Fundação Palmares (FCP/MinC); Margareth Godim, da Secretaria de
Cultura do Estado do Pará (Secult); Elizabeth Pantoja (Mãe Beth),
do Conselho Setorial/Afro; Marcos Marques, diretor do Departamento de
Ação Cultural da Fundação Cultural do Município de Belém
(Fumbel); Nazaré Moraes, da Divisão de Espaços Culturais da
Fumbel; e Ciro Lins do Iphan Pará, além dos demais integrantes e
conselheiros nacionais de cultura, representantes do Ministério da
Cultura (MinC), Mestres de Culturas Afro-Brasileiras e Sociedade
Civil.
Ampliação
- O objetivo da reunião é montar políticas culturais para
implementar o Plano Nacional de Cultura e, dessa forma, ampliar para
todo o Brasil a discussão com os povos e as comunidades consideradas
minorias acerca dos costumes, tradição cultural em todas as
instâncias e em suas diversas manifestações. A consulta pública
ocorre em todos os Estados, em vários municípios. Para formatar o
plano, toda a sociedade civil é convidada a participar, por meio de
sugestões, avaliações, críticas e recomendações postas durante
consulta pública.
Para
o professor Artur Leandro, do Grupo de Estudos Afro-Amazônico
(GEAM/UFPA), o plano deve promover a cultura de valorização dos
princípios civilizatórios africanos brasileiros. “Estamos
propondo uma mudança estruturante na política cultural. Não
podemos mais aceitar que o governo brasileiro financie somente as
linguagens artísticas. Temos um leque de manifestações culturais e
de entendimentos sobre cultura muito maiores. Queremos que o
Ministério escute os agentes das culturas negras locais e os
gestores dos Estados e dos municípios escutem o MinC para aplicação
desse plano”, explica.
Sociedade
- Carlos Vera Cruz é professor de teatro e faz parte do Instituto
Nangetu
, mas, na consulta pública, ele argumenta estar também como
sociedade civil: “Acho que todo mundo, como sociedade civil ou não,
que estiver ligado a alguma matriz africana ou não deve participar
desse evento até para que a sociedade tenha um outro tipo de olhar
sobre essas ações. É importante esse diálogo com a sociedade. O
importante é o entendimento do plano e também para nos informarmos
e quebrarmos o pré-conceito sobre o movimento negro”, argumenta.
"Participar
de uma temática como essa, de um plano como esse é muito
importante. O movimento negro ainda é muito hostilizado dentro da
sociedade. Nós não temos só a capoeira, só o hip
hop,
ou danças da negritude. Precisamos de cotas para cultura e sairmos
às ruas paramentados, dizer que estamos aqui. Faço parte de um
bloco de carnaval Afoxé. Abrimos o carnaval de Belém todo ano, mas
ainda com muita dificuldade. A nossa cultura é altamente vasta, mas
não temos tanta visibilidade”, reflete Adrieny Batista, da
Associação Cultural Filhos de Dan.
Demandas
- O Colegiado do Setorial de Cultura Afro-Brasileira do Conselho
Nacional de Políticas Culturais (CNPC) tem o intuito de se fazer
cumprir as demandas da cultura afro em todo o território nacional,
demandas altamente discutidas durante esses encontros. Edson Catendê,
Babalorixá membro do Conselho Nacional de Políticas Públicas, diz
que “o objetivo é trabalhar as tradições e mantê-las de acordo
com cada povo, cada comunidade, como história e referência de um
povo. Um povo sem cultura é um povo sem vida, sem caminho, sem
referência.”, finaliza.
Os
responsáveis pelo Plano são: o Conselho Nacional de Políticas
Culturais (CNPC), Colegiado Setorial de Cultura Afro-Brasileira
(eleitos em 2013), Fundação Cultural Palmares (FCP), Secretaria de
Políticas de Promoção de Igualdade Racial (Seppir), Secretaria de
Cidadania e Diversidade Cultural (SCDC) e representantes da
sociedade. O projeto do Plano Setorial segue em construção pelo
CNPC e deve cumprir mais encontros abertos até o final do ano.
Texto:
Brenda Maciel – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Adolfo Lemos
Fotos: Adolfo Lemos
Nenhum comentário:
Postar um comentário